segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Organização do Espaço Brasileiro


Economia: Brasil

O café tornou-se o principal produto agrícola de exportação do Brasil, meados do século XIX. Sua produção em escala começou em Campos (RJ) dirigindo-se ao Vale do Paraíba fluminense e depois Vale do Paraíba paulista. Sua produção era escoada para Parati (RJ) e Santos (SP).
Suas fazendas eram auto-sustentáveis e em 1850, com a abolição da escravatura, mudou-se o modelo de produção, utilizando-se mão de obra imigrante, liberando os escravos. Portanto mudanças sociais ocorreram, a economia modernizou-se o trabalho no campo assalariado ganhou espaço abrindo-se novas frentes produtoras de café que se estenderam para o interior de São Paulo em direção a Campinas, oeste paulista, norte do Paraná.
Os fazendeiros paulistas se utilizaram de boa parte dos lucros provenientes da exportação e investiram na ampliação dos cafezais, mas também no setor industrial paulista e fluminense.
Com a queda da Bolsa de Nova Iorque (1929) tanto o café como a economia brasileira dependente deste único produto exportador teve perdas com a abertura de falência de várias empresas, produtores, comerciantes.
O Brasil apesar de ser ainda o maior produtor de café do mundo e o maior exportador, vem, quanto produto, perdendo importância relativa considerando a diversificação da economia nacional. O custo de sua mão de obra também é significativo, representa 50% dos custos de produção.
Indústria
A organização do espaço industrial surgiu no início do século XIX com as oficinas artesanais (RJ, MG, SP) voltados para a produção de sabão, velas de sebo, rapé, fiação, tecelagem, alimentos, fundição de ferro e metais, lã e seda utilizando tanto mão de obra livre como escrava. Estabelecimentos manufatureiros, oficinas artesanais maiores, destacam-se entre 1831 e 1840 produzindo chapéus, pentes de tartaruga, ferraria e serraria, fiação e tecelagem, sabão e velas, vidros, tapetes e oleados.  É um setor bem restrito neste período, devido à auto-suficiência das fazendas, a falta de capitais e o alto custo da produção e os produtos concorrentes importados altamente competitivos. O Estado começou a incentivar o crescimento da indústria nacional, estimulando uma proliferação de capitais cujo destino maior foi para o setor da indústria têxtil e a contratação de mão de obra livre invés da escrava. Estabelecimentos manufatureiros multiplicam-se como a indústria metalúrgica para inclusive construir navios a vapor. Incentivos como a não taxação de impostos sobre matérias primas importados para indústrias nacionais possibilitou competir com produtos estrangeiros além de taxar os importados em cerca de 40%. A Guerra civil norte americana e a Guerra do Paraguai (1860) beneficiaram a indústria têxtil e a indústria bélica, pois acabou produzindo algodão e equipamentos bélicos fim de atender o mercado norte americano e internacional e as Forças Armadas. Na década de 70, com a decadência da cafeicultura no Vale do Paraíba e de áreas produtoras de açúcar produtores investiram no setor têxtil e em outros setores da indústria ocorrendo grande expansão. No final do século XIX e início do século XX o Brasil continuava a importar matérias primas, máquinas, equipamentos e grande parte dos bens de consumo.  
                                              
A partir da década de 30 com a queda da Bolsa de Nova Iorque e a mudança de governo, Getúlio Vargas toma a frente e impõe um modelo industrial cujo maior objetivo é o de substituir produtos importados por nacionais. A II Guerra Mundial e as dificuldades no mercado internacional facilitaram o desenvolvimento da indústria nacional. Criou-se uma infraestrutura para o setor da indústria de base e energia:
Conselho Nacional do Petróleo – cuja função era a de, no setor do petróleo, controlar a extração, refino, avaliar, fiscalizar e pesquisar - 1938
Companhia Siderúrgica Nacional – usina siderúrgica para produção de metais ferrosos e aço – 1946
Companhia do Vale do Rio Doce – extração de minérios metálicos e não metálicos- 1942
Companhia Hidrelétrica do São Francisco – geração de energia - 1945
Outro ponto positivo foi o êxodo rural considerando o enfraquecimento da produção agrícola cafeeira permite a migração para a cidade dos colonos e expande atrelada a uma política de leis trabalhista que obrigam os proprietários rurais a contratarem, em carteira, o trabalhador. O mercado de consumo interno promove também a concentração urbana industrial no espaço restrito entre São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais incentivados pelas indústrias locadas nesta região.
Em uma distinta fase, Juscelino Kubitschek, cria o Plano de Metas, apesar do alto endividamento público, tinha por objetivo realizar um programa de atividades na área de infraestrutura projetados para serem desenvolvidos ao longo de 50 anos em apenas 5 (1956 a 1961) a fim de eliminar os pontos de estrangulamento, ou seja, aqueles que não permitiam o desenvolvimento econômico do país.
Os investimentos voltaram-se para abertura de estradas, siderúrgicas, usinas hidroelétricas, marinha mercante e a construção de Brasília.
Os setores prioritários de seu Plano relacionavam-se
Educação – criação da UNB
Transporte - construção das rodovias radiais, perimetrais, indústria automobilística
Energia – investimentos na Eletrobrás, duplicando parque gerador
Alimentação – expansão das fronteiras agrícolas, mecanização agrícola
Indústria de base – investimentos na Companhia Siderúrgica Nacional e na Companhia Siderúrgica  Belgo Mineira
O governo JK abriu a economia para o capital internacional atraindo o investimento de montadoras de automóveis como a Volkswagen, Ford, GM instalando suas fábricas em São Paulo, região do ABC e Rio de Janeiro atraindo a migração do campo e de outras regiões do Nordeste e Norte, inclusive para a construção da cidade de Brasília.


Com o golpe militar (1964 - 1985) as políticas públicas de governo para o setor da indústria e para a economia no Brasil seguiu as diretrizes de um projeto maior de gestão denominada Plano Nacional de Desenvolvimento que tinha por objetivos:
I Plano Nacional de Metas (1972 a 1974) Objetivo:
- Crescimento econômico brasileiro estimado em 8% a 9% ao ano
- Projetos de integração nacional com Planos de Desenvolvimento Regional e empresas públicas integradas às políticas de governo como EMBRAPA – transportes, corredores de exportação, telecomunicações como construção da ponte Rio-Niterói, Rodovia Transamazônica,  hidrelétrica 3 Marias e Itaipú.






II Plano Nacional de Desenvolvimento (1974 a 1979) Objetivo:
- Estratégias para o enfrentamento da crise do petróleo e sua dependência, investimentos em energias alternativas (o álcool e nuclear), destaque no crescimento industrial de produtos químicos e fertilizantes reduzindo a dependência de bens de capital e petróleo; prioridades no setor energético, siderúrgico e petroquímico


 



 Reforma Agrária e redistribuição de terras com ocupação produtiva da Amazônia e do Centro Oeste
Consolidação de uma sociedade industrial moderna com modelo  de economia competitiva com desconcentração industrial
Indústria em São Paulo
O início da industrialização na cidade de São Paulo inicia com a instalação das indústrias em torno das ferrovias próximas aos bairros como Brás, Mooca, Belenzinho, Barra Funda, Água Funda aonde vão se instalar os operários destas fábricas, maioria de imigrantes que vieram trabalhar na agricultura cafeeira.  Nesta época, montadoras já existentes como a General Motors e a Toyota possuem galpões alugados no bairro do Ipiranga (1925).
Além do capital e por possuir maior infra-estrutura, mão de obra imigrante, mercado, abastecimento, comercialização da produção, eficiência e redução de custos de transportes via ferrovia, proximidade de portos para exportação, facilitou a aceleração da concentração e a diversificação industrial da cidade.
Esta aceleração econômica induziu grandes fluxos de migrações externas como internas e do campo. Nas décadas de 50 e 60 ocorre o êxodo rural mudando o perfil de concentração de população maior na cidade do que no campo.
Na década de 70 o estado de São Paulo respondia por mais de 58% da produção industrial nacional e a região metropolitana (RMC) respondia por 77,52% do valor da transformação industrial do Estado, a cidade de São Paulo 48,59 % e o interior 22,48%. As regiões industriais na capital e em sua periferia ficam congestionadas. A valorização de terrenos e impostos desestimula a atividade industrial.
Considerando a alta dos custos de produção tanto na capital como na região metropolitana relacionados à mão de obra, transportes, impostos e uma legislação ambiental mais vigorosa, as empresas tomaram a iniciativa de se retirarem deste espaço sendo que após 20 anos (1990) a cidade de São Paulo respondia por 30% do valor da transformação industrial a RMSP 58,92.% e o interior do estado 41,07%.Fonte: FIESP/CIESP, 1982 e 1984; IBGE - Censos Industriais de 1970, 1980,1985; MTB - Anuário RAIS de 1985, 1990 e 1991; SENAI/DPEA, 1980 e 1981
Os números de estabelecimentos industriais fixaram-se principalmente ao longo dos principais eixos rodoviários Dutra, Raposo Tavares, Anhanguera, Regis Bittencourt, Washington Luis, Anchieta, Castelo Branco.
No início do século XXI, Pesquisa Industrial Anual (IBGE 2005) mostrou que a Região Sudeste ainda concentra 63,5% do valor de transformação industrial com 54,3% dos postos de trabalho, Sul com 17,7 % de VTI e 25,2% dos postos, Nordeste com 9,3% de VTI e 12,4% dos postos, Centro Oeste com 3,7% de VTI e 4,5% dos postos, Norte com 5,8% do VTI e 3,6% dos postos.
Houve perdas de postos de trabalhos, na desconcentração em São Paulo e Rio de Janeiro, e ganhos para as regiões Sul, Nordeste, Centro Oeste e Minas Gerais (1996-2005), com ganhos nos setores do petróleo e álcool, indústria extrativa, metalurgia básica, transporte.
Esta desconcentração industrial vem ocorrendo, inclusive na região Sudeste por conta: busca de mão de obra mais barata, incentivos governamentais dos estados das regiões Nordeste, Norte, Centro Oeste, disputa fiscal entre Estados e municípios.
Para o estado de São Paulo a desconcentração vem ocorrendo, entretanto com certa concentração com a aglutinação das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas, São José dos Campos, Santos e áreas vizinhas como Sorocaba, Jundiaí e Piracicaba denominada de macrometropole.

Bibliografia e consultas
http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=38
http://www.abenge.org.br/CobengeAnteriores/2004/artigos/08_190.pdf
http://fortium.edu.br/blog/ailton_guimaraes/files/2010/04/Economia-Brasileira-nota-de-aula-62.pdf
http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/historia_republica-industria-automobilistica
http://www.emplasa.sp.gov.br/emplasa/



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